quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Qual o horário do próximo vôo?

Da série, 'Frases bonitinhas para facebook', é quase impossível não se emocionar com: "Mude, mas comece devagar pois a direção é mais importante do que a velocidade".

Por tempos eu tentei seguir este conselho do Edson Marques.
Mas hoje eu venho humildemente me redimir.
Eu tenho pressa.
Eu quero que  alguém indique a direção correta e me deixe pegar o primeiro vôo.
Chega uma fase em que o problema não são as respostas. E sim, não saber o que perguntar.
O caminho pode ser este bem à nossa frente, mas queremos seguir a direção contrária. Virar as costas, pegar a lanterna e criar a trilha.

Shakespeare também tentou me convencer por vezes quando disse: "Mas se você não sabe pra onde está indo, qualquer caminho serve". Lendo um dos maiores clássicos dizendo isso, deu uma vontade danada de sair por aí e arriscar.
Pois bem... foi feito.
Agora eu me olho no espelho e vejo uma Nayara com a expressão de: E aí? Qual será seu próximo capítulo?

Nunca fui dessas de angustiar e deixar a monotonia reinar meu ambiente. Mas agora ela me espreme a alma até que a saia caldos de palavras na madrugada, nas tardes nubladas...
Eu até tentei acreditar que essa fase poderia ser algo relacionado ao processo de amadurecimento, por ser chata e angustiante. Juro que tentei.
Mas já descartei essa ideia também. Amadurecimento nada tem a ver com 'não-sei-nem-a-hora-que-estou-com-fome'.

Mas a solidão me ajudou a pensar nisso tudo e excluir todos estes escritores que por anos à fio me ajudaram com suas frases bonitinhas. Mesmo me decepcionando, avistava sempre outro com uma ideia sensacional e voltava sempre inteira.
Sim, a solidão além de tudo é egóica: sei onde quero ir, mas não me deixa ir, e não me explica o porquê ninguém poder ir também, além de mim.

Eu não quero mais seguir a filosofia de alguém. Agora eu quero escrever. Quero outro caderno e caneta. Quero outro cenário. Outros personagens. Outro protagonista. Outra história. Eu  tenho sede e tenho pressa.

Vou enterrar tudo em um cemitério de memórias e jogar lama. E mesmo que venham me julgar por assim estar agindo, continuarei firme, comprarei minha passagem enquanto gritam e me joguem pedras. E por um simples descuido... eu perca o vôo novamente.

[Ouvindo: Tumbalalaika - Andrea Guerra]